A
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) retoma na
segunda-feira (11), às 9h, o debate sobre a regulamentação da produção,
comércio e uso da maconha. O tema entrou na pauta de discussões devido a
uma sugestão popular enviada pelo Portal
e-Cidadania (SUG 8/2014).
Agora, a comissão aguarda relatório do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), para
decidir se a sugestão vai virar projeto de lei.
Foram
convidados Nivio Nascimento, do programa Estado de Direito do Escritório das
Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), e o coronel Jorge da Silva,
ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Antes
de opinar sobre a sugestão popular, Cristovam pediu a realização de uma série
de debates. No
primeiro, em junho, o secretário Nacional de Drogas do Uruguai,
Julio Calzada, destacou o efeito positivo da legalização do comércio da droga
sobre a criminalidade naquele país. Ele ressaltou que o Uruguai, que
despenalizou o uso de drogas há 40 anos, registra evolução do consumo e de seus
efeitos colaterais semelhante ao de países que mantêm a criminalização.
Na
fase de abertura da palavra a pessoas que acompanhavam a audiência, no entanto,
houve muitas manifestações contrárias à regulamentação, enfatizando, por
exemplo, o risco de a maconha levar ao consumo de drogas consideradas mais
nocivas.
Pela
sugestão em análise na CDH, seria considerado legal “o cultivo caseiro, o
registro de clubes de cultivadores, o licenciamento de estabelecimentos de
cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo e a
regularização do uso medicinal”.
Pesquisa
DataSenado
Na
audiência de segunda-feira, será apresentada pesquisa do DataSenado, realizada
nos dias 6 e 7 de junho, que indicou apoio de apenas 9% dos entrevistados à
legalização da maconha para qualquer fim. Já a permissão restrita ao uso
medicinal da droga é defendida por 48%. A proibição total, como ocorre hoje, é
apoiada por 42%.
A
pesquisa foi feita com 1.106 pessoas de 16 anos ou mais, de todos os estados, e
a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
A
pesquisa mostra que, para muitos dos entrevistados, o debate precisa ir além da
ciência e abranger a questão moral e social. Muitos acreditam que flexibilizar
a legislação pode estimular o vício, o que afetaria a segurança e a saúde
pública.
De
acordo com a pesquisa, entre os que declaram ter alguma crença ou religião, o
percentual contrário à legalização é maior do que entre aqueles que se declaram
sem religião. No caso dos evangélicos, por exemplo, 55% são contra a
legalização da substância.
A
região do país também influencia o resultado da pesquisa. A análise aponta que
no Centro-Oeste 54% são contra a legalização para qualquer fim, enquanto no Sul
do país o percentual é de 35%.
A
maioria dos entrevistados (82%) concorda que a maconha leva o usuário a
experimentar drogas mais pesadas. Entre os mais jovens, de 16 a 19 anos, o
percentual cai para 72%.
Um
dos argumentos usados a favor da legalização da maconha é o de que a medida
reduziria o tráfico de drogas. Mas dois em cada três entrevistados pelo
DataSenado (67%) disseram não acreditar nessa hipótese.
Agência Senado
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