Rio
e São Paulo - Com 21% das intenções de voto na pesquisa
Datafolha, Marina Silva, a ser oficializada candidata do PSB à Presidência,
começa a disputa com quase o triplo das intenções que Eduardo Campos tinha na
sondagem de julho, quando somava 8%. Segundo o Datafolha, Marina está em
segundo lugar, um ponto à frente do tucano Aécio Neves, que tem 20%,
configurando um empate técnico. A petista Dilma Rousseff lidera, com 36% das
intenções de voto.
Na
simulação de um segundo turno, porém, Marina vence Dilma. A ex-senadora teria
47% contra 43% da presidente. Em um segundo turno com o tucano, Dilma venceria
com 47%, enquanto Aécio teria 39% das intenções de voto. A margem de erro da
pesquisa, realizada nos dias 14 e 15 de agosto e que ouviu 2.843 eleitores em
176 municípios, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O
registro no TSE é o BR-00386/2014.
No
entanto, ainda que Marina apareça em segundo na disputa, cientistas políticos
ouvidos pelo GLOBO creem que esse resultado esteja “acima do real por conta do
efeito luto”. Diretor do Datafolha, Mauro Paulino, porém, destacou o avanço que
a candidata teve sobre o eleitorado então indeciso ou descontente. O desafio
agora, segundo ele, é consolidar essa intenção:
—
É uma eleição que se torna ainda mais imprevisível. Num primeiro momento,
Marina conseguiu atrair o eleitor que estava sem candidato. Entre esse
eleitorado há uma grande maioria que está buscando algo novo e moderno na
política. O grande desafio dela, a partir de agora, é convencer esse eleitorado
de que, apesar do perfil conservador, pode representar a modernidade.
‘MAIS COMPETITIVIDADE’
Paulino
acredita que Marina tem margem para crescer. E desconfia das avaliações de que
o resultado da ex-senadora na pesquisa está inflado em decorrência da comoção
pela morte de Campos:
—
Ela está dentro do patamar de votos que obteve em 2010 e abaixo das intenções
que tinha em abril deste ano. A pesquisa foi feita quinta e sexta-feira (da
semana passada), quando a exposição dela não havia sido tão grande. Vamos ter o
lançamento oficial da candidatura e os programas no horário eleitoral. Acho que
tem espaço para crescer.
Cientista
político e professor da FGV-Rio, Cesar Zucco diz que os 21% podem ser “inflação
nos votos, por conta da morte do Eduardo”.
—
É razoável supor que tenha ali (nos 21%) os grupos que apoiavam o Eduardo e uma
parte de votos em branco e nulos, mas, em duas ou três semanas, esse percentual
pode cair — disse Zucco, lembrando que ela terá pouco tempo de TV e que o PSB
não tem a estrutura partidária e o número de governadores do PT e do PSDB.
—
Ela vem de um patamar de 20 milhões de votos, tem mais competitividade que o
Eduardo, mas já enfrenta problemas com a estrutura partidária e vai ter menos
tempo de TV, ainda que seja carismática. Pode ser que a comoção seja cultivada
na campanha, mas ela, como vice, agregava votos, e o vice dela provavelmente
não vai agregar muito, a não ser que seja a Renata (Campos).
—
A Marina de 2014 é diferente da de 2010, porque terá que se enquadrar a esta
situação inusitada. Acredito que a posição dela não se sustente se não se
reinventar. E essa reinvenção passa por mostrar ao eleitorado que ela não é tão
terceira via assim. O PSB é um partido tradicional. Como ela vai ser a
candidata e não vai subir nos palanques dos candidatos apoiados, por exemplo,
no Rio e em São Paulo? — disse a cientista política Marli da Silva Motta.
Os
cientistas se dividem ao analisar a necessidade de as campanhas de Dilma e
Aécio começarem a focar em Marina. Para Emil Sobottka, da PUC-RS, não
surpreenderia que a petista “batesse com mais força”, já que, para ela, é
melhor tentar encerrar a eleição no primeiro turno. Já Aécio, diz, não captou
votos de Campos e, por conta disso, para ir ao segundo turno, enfrenta uma
“sinuca de bico”:
—
Ele não pode bater muito na Marina, tem que ser no limite do moderado, já que,
se chegar ao segundo turno, não vence sem o eleitorado dela.
Pesquisador
da FGV, Américo Oscar Freire acredita que neste primeiro momento as campanhas
devem viver uma espécie de “compasso de espera”:
—
Não é a hora para o enfrentamento. As campanhas podem antes ficar de olho no
que a Marina dirá. Esperar fará parte do jogo político.
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ser enviados por email: bacabeiraemfoco@hotmail.com ou pelo Whatsapp (98) 9965-0206
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