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Comer um bombom de licor já é o
suficiente para que o motorista seja multado com base na nova lei seca.
Com a autorização da Polícia Militar, a reportagem testou ontem o
que o bafômetro aponta quando o motorista come um bombom de licor, usa um
enxaguante bucal ou bebe 200 ml de cerveja.
Resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) em vigor
desde anteontem reduziu pela metade o nível de álcool tolerado no teste do
bafômetro. A regra também baixou para zero a tolerância no exame de sangue.
Antes da nova regulamentação, o limite do bafômetro era de 0,1
mg/l (miligrama de álcool por litro de ar). A partir disso, o motorista era
multado. Agora o limite caiu para 0,05 mg/l. O valor da multa é de R$ 1.915,40.
Os testes do bafômetro foram feitos por três pessoas --uma comeu o
bombom, outra bebeu a cerveja e a terceira usou o enxaguante.
Com o doce, o bafômetro apontou 0,08 mg de álcool por litro de ar
expelido. Com esse resultado, além de multado, o motorista perderia por um ano
o direito de dirigir.
Para os 200 ml de cerveja, o aparelho acusou 0,34 mg/l. O
enxaguante bucal foi o que apontou maior concentração alcoólica: 1,31 mg/l.
Os dois resultados caracterizam crime de trânsito (quando o
motorista tem a partir de 0,34 mg de álcool por litro de ar expelido). Nesse
caso, o motorista é preso e corre o risco de, se condenado, pegar até três anos
de detenção. É possível pagar fiança.
Os testes foram realizados por policiais do 1º BPRV (Batalhão de
Policiamento Rodoviário), no Sacomã (zona sul).
Nos três casos, o bafômetro não acusou nenhuma quantidade de
álcool quando a reportagem voltou a soprar o aparelho, 15 minutos depois.
MULTA
O tenente Dene Benjamim, do 1º Batalhão de Policiamento
Rodoviário, afirmou que a multa ou a prisão imposta ao motorista com níveis de
álcool acima do permitido independe da substância que ele tenha ingerido. "O motorista é multado ou preso do mesmo jeito", disse o
tenente Benjamim.
"Na blitz, o policial não tem como constatar se o motorista
comeu um bombom ou ingeriu bebida alcoólica. É a palavra dele contra o
aparelho", afirmou.
Segundo Benjamim, a nova resolução do Contran não alterou em nada
o policiamento adotado no Estado.