Reportagem da edição deste
final de semana da revista "Veja" afirma que o ex-diretor de Refino e
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou em depoimentos à Polícia
Federal (PF) que três governadores, seis senadores, um ministro e pelo menos 25
deputados federais foram beneficiados com pagamentos de propinas oriundas de
contratos com fornecedores da estatal.
Segundo a publicação, o
ex-dirigente citou, entre outros políticos, os nomes da governadora Roseana
Sarney (Maranhão) e dos ex-governadores e Sérgio Cabral (Rio); do ministro de
Minas e Energia, Edison Lobão; dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero
Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI); e dos deputados Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), Cândido Vacarezza (PT-SP), Mário Negromonte (PP-BA) e João
Pizzolatti (PP-SC).
Citados por ex-diretor negam
Leia abaixo as versões dos
políticos que teriam sido mencionados por Paulo Roberto Costa nos depoimentos.
Sérgio Cabral – A assessoria de Cabral informou que, nos sete anos e três meses como governador do Rio, ele "jamais indicou ou interferiu nas nomeações do governo federal. Tampouco nas decisões gerenciais da Petrobras". "O ex-governador repudia a inclusão de seu nome em qualquer dos fatos supostamente relatados pelo ex-diretor". Segundo a revista "Veja", Cabral informou que sua relação com Paulo Roberto Costa sempre foi institucional e que nunca recebeu dinheiro dele.
Roseana Sarney – Por meio de nota divulgada por sua assessoria, disse repudiar,
"de forma veemente e com grande indignação", as referências feitas a
ela pelo ex-diretor e publicadas pela "Veja". A governadora afirmou
no comunicado que tomará "todas as medidas jurídicas cabíveis" para
sua "honra e dignidade". "Nunca participei de nenhum esquema de
corrupção e muito menos solicitei ao ex-diretor da Petrobras recursos de
qualquer natureza", disse.
Edison Lobão – A reportagem procurou o ministro Edison Lobão por meio da
assessoria de comunicação, mas não conseguiu contato até a última atualização
desta reportagem. Segundo "Veja", o ministro informou que sua
relação com Costa sempre foi "institucional". Ele negou à revista ter
recebido dinheiro do ex-diretor da Petrobras.
Renan Calheiros – Por meio de nota, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) disse que “nega e repudia as especulações do ex-diretor da Petrobras”,
A nota diz ainda que as relações do senador com diretores da estatal “nunca
passaram os limites institucionais.” O presidente do Senado afirmou ainda que o
Supremo Tribunal Federal (STF) e o Ministério Público devem “apurar a
veracidade das declarações do ex-servidor a fim de esclarecer se o mesmo
merecerá ou não o benefício da delação premiada.”
Romero Jucá – Líder do governo no Senado nos governos Lula e Dilma, o senador
Romero Jucá distribuiu nota, por meio da sua assessoria, para rechaçar a menção
a seu nome. Na nota, o senador diz que conhecia Costa de forma institucional e
"repudia as insinuações" feitas pela reportagem. "O senador nega
ter recebido qualquer recurso por meio do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa e que conhece o diretor de maneira institucional.
Ciro Nogueira – A assessoria do PP informou que o partido, presidido por
Nogueira, não teve acesso ao depoimento e, portanto, não pode se manifestar
apenas com base em informações veiculadas pela imprensa. Segundo a revista
"Veja", o senador disse que conheceu o ex-diretor da Petrobras em
eventos do partido, mas negou ter recebido dinheiro dele.
Henrique Alves – O deputado Henrique Alves, presidente da Câmara, informou, por meio de
nota, que nunca pediu nem recebeu "quaiquer recursos" de Costa.
"As insinuações publicadas pela revista Veja, de forma genérica e sem
apresentar evidências sobre o meu nome, não podem ser tomadas como denúncia
formal nem fundamentada", disse o deputado.
Cândido Vaccarezza – Ex-líder do governo na Câmara, Vaccarezza afirmou em nota que,
na ocasião em que foi procurado pela revista, negou
"peremptoriamente" qualquer tipo de negociação com Paulo Roberto
Costa. O deputado petista, no entanto, argumenta que a reportagem publicou
apenas que ele se encontrou "por duas vezes" com o ex-dirigente da
estatal. "Reafirmo que nunca fiz qualquer negociação com o Sr. Paulo
Roberto Costa; Sempre atendi e vou continuar atendendo a imprensa de forma
honesta e verdadeira", diz Vacarezza na nota.
João Pizzolatti – Em nota, o deputado João Pizzolatti negou "de forma
veemente" ter cometido ilícitos. Segundo ele, o conteúdo da delação
premiada não foi objeto de "absolutamente nenhuma comprovação".
"O Deputado Pizzolatti não se intimidará e nada tem a temer em relação a
quaisquer de seus atos, eis que ao longo de anos de vida pública, séria e
honrada, o mesmo sempre só fez demonstrar incansável trabalho e dedicação em
prol do povo de Santa Catarina", afirma o texto da nota.
Mario Negromonte – A reportagem tentava contato com o deputado até a última
atualização desta reportagem. Segundo a revista "Veja", Negromonte
não respondeu.
João Vaccari Neto – O secretário nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, foi
citado no texto da revista como responsável pela ponte entre o partido e o
esquema de pagamento de propina na Petrobras. Não há detalhes na reportagem
sobre como funcionaria essa intermediação. Vaccari divulgou nota na qual nega a
acusação. "É absolutamente mentirosa a declaração de que tenha havido
qualquer tratativa, seja pessoal, por e-mail ou mesmo telefônica, com o
referido senhor a respeito de doações financeiras ou qualquer outro
assunto", disse na nota.
O suposto esquema
Integrante da diretoria da
Petrobras entre 2004 e 2012, Costa foi preso pela Polícia Federal (PF)
durante as investigações da Operação Lava Jato, que revelou um esquema de
lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10
bilhões. Devido às acusações, ele está preso no Paraná.
O ex-diretor da estatal do
petróleo fez um acordo
de delação premiada. Os depoimentos de Costa à PF têm ocorrido
diariamente, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. A PF não
revela o conteúdo dos depoimentos.
A reportagem de
"Veja" não detalha o papel que cada um dos políticos mencionados por
Costa teve na suposta fraude. O texto diz que, pelo acordo firmado com o
Ministério Público Federal, o ex-dirigente teria se comprometido a detalhar o
envolvimento de cada um dos políticos no esquema. A reportagem também afirma
que os policiais federais e procuradores da República estimam que levará mais
três semanas para o ex-diretor da Petrobras esgotar o que tem a dizer.
Outra informação relatada
pela revista é de que Paulo Roberto Costa teria admitido pela primeira vez,
durante os depoimentos da delação premiada, que as empreiteiras contratadas
pela Petrobras tinham, obrigatoriamente, de contribuir para um caixa paralelo
que era distribuído a partidos e políticos da base governista. O ex-diretor
teria dito, informou "Veja", que cada partido tinha seu encarregado
de fazer a intermediação com o esquema de corrupção.
Governo Lula
Segundo a revista, durante os
depoimentos dados na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Paulo
Roberto Costa afirmou que o esquema na Petrobras funcionou ao longo dos dois
mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também nos dois primeiros
anos da gestão Dilma Rousseff.
Ainda conforme a reportagem,
Costa afirmou que, a exemplo do que ocorria no esquema do mensalão, a
distribuição do dinheiro obtido com os fornecedores da Petrobras servia para
garantir que as legendas aliadas continuassem a apoiar o governo federal no
Congresso.
A publicação relata ainda que
Costa disse, já em seus primeiros depoimentos, que conversava frequentemente
com o ex-presidente Lula e que costumava tratar com o petista sobre assuntos da
Petrobras. "Veja" diz que o ex-diretor se comprometeu com o
Ministério Público Federal a detalhar posteriormente o conteúdo das conversas
com o ex-presidente.
A assessoria do Instituto
Lula informou que o ex-presidente da República não comentará a reportagem da
revista.
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