O ex-diretor de Abastecimento da
Petrobrás, Paulo Roberto Costa, revelou à Justiça Federal nesta quarta feira,
8, que pagou propinas a três partidos políticos “grandes” – o PT, o PMDB e o PP
– para financiar a campanha eleitoral das siglas em 2010.
Costa disse que foi indicado para o cargo pelo
ex-deputado José Janene (PP-PR), em 2004, com a missão de montar um esquema de
pagamento de propinas para políticos. Ele afirmou que a propina para os
partidos era dividida na base de 1% para um e 2% para outro – sobre valores
superfaturados de contratos da Petrobrás com empreiteiras e fornecedores.
O ex-diretor, que fez delação premiada ao Ministério
Público Federal, homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal
Federal, declarou na audiência desta tarde que o esquema financiou a campanha
eleitoral de 2010.
Ele não pôde dizer, em seu relato, os nomes de
políticos que teriam recebido dinheiro de corrupção.“Muita gente”, ele disse. A
competência para investigar ou processar parlamentares é exclusiva do Supremo
Tribunal Federal, por isso ele não pode citar os nomes à Justiça Federal.
Costa depôs durante cerca de duas horas no processo da
Operação Lava Jato em que é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro desviado
das obras da refinaria Abreu e Lima. Costa já deixou a sede da Justiça Federal,
em Curitiba, e está retornando ao Rio de Janeiro, onde cumpre prisão em regime
domiciliar.
O ex-diretor apontou os nomes de outros três diretores
da Petrobrás que, segundo ele, faziam parte do esquema. Afirmou que recebeu
“pessoalmente de Sérgio Machado (presidente da Transpetro) a quantia de R$ 500
mil.”
Ele afirmou que em “outras diretorias” da Petrobrás
também havia esquema de propinas. “Havia um esquema de grupos atuando na
Petrobrás, cada um com seus interesses, cada um com seu operador.”
Sobre a participação de políticos, ele disse. “Os
líderes estão fora desse processo, são agentes políticos, não são as empresas”.
Segundo Costa, as empreiteiras e fornecedores “estavam
submetidas até à quebra se não pagassem propina”. “Quem não pagava não
participava”, declarou o ex-diretor.
COM A PALAVRA, A TRANSPETRO
“O presidente da Transpetro, Sergio Machado, nega com
veemência as afirmações atribuídas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa. Trata-se de uma afirmação absurda e falsa. Machado está indignado com a
divulgação do suposto conteúdo de um depoimento dado a portas fechadas e sobre
o qual não se tem nenhuma informação oficial. Tomará todas as providências
cabíveis para restabelecer a verdade e defender sua honra, processando
judicialmente quem quer que seja na defesa da Transpetro. Ressalta ainda a sua
estranheza com o fato desse vazamento ter ocorrido no meio do processo
eleitoral.
Sergio Machado jamais foi processado pelo Ministério
Público ou por qualquer outra autoridade brasileira em decorrência de seus atos
ao longo de 30 anos de vida pública.”
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