A proposta de
emenda constitucional (PEC) 37, que retira do Ministério Público a autonomia
para investigar crimes, coloca em risco ao menos 34 mil apurações em andamento
hoje no país.
Esse é o número de investigações criminais
tocadas exclusivamente pelo Ministério Público Federal --promotorias estaduais
também têm seus procedimentos, cujo total é desconhecido.
Esses procedimentos se parecem legalmente com
um inquérito, por meio dos quais promotores e procuradores exercem o direito de
conduzir sozinhos apurações e podem embasar ações penais.
As 34 mil investigações representam uns 30%
da quantidade de inquéritos conduzidos pela Polícia Federal.
A tensão entre policiais e procuradores
levou à criação anteontem de um grupo de trabalho na Câmara para avaliar o
texto da PEC 37 --que pode ser votada em junho.
Os dois lados admitem que a disputa
atrapalha investigações importantes, como a do suposto elo do ex-presidente
Lula com o mensalão.
"Não há dúvida de que, se a PEC 37 for
aprovada, nós teremos o risco de que milhares de investigações em curso no
país, conduzidas pelo Ministério Público, sejam jogadas no lixo", afirmou
à Folha o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Marcos Leôncio, presidente da Associação
Nacional dos Delegados de Polícia Federal, diz que os procedimentos do
Ministério Públicos são juridicamente frágeis:
"Se hoje, com todo cuidado, alguns
deles foram anulados pelos tribunais superiores, imagine a temeridade de uma
investigação feita exclusivamente pela Procuradoria, sem procedimento previsto
em lei e controle externo".
Há quase cem processos no Supremo pedindo a
extinção de inquéritos ou ações penais do Ministério Público. (FERNANDO MELLO E MATHEUS LEITÃO)
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