O Tribunal
Superior Eleitoral decidiu ontem que o ex-prefeito de Paulínia (SP) Edson Moura
(PMDB) agiu dentro da lei ao manobrar para eleger em seu lugar Edson Moura
Júnior (PMDB), seu filho, na eleição de 2012.
Na prática a
decisão do TSE cria jurisprudência e abre brecha para que políticos com a ficha
suja coloquem parentes na última hora como candidatos. Essa fórmula foi
revelada em 13 de fevereiro
último.
De acordo com
dados apurados, em pelo menos 33 cidades candidatos que corriam o risco de ser
barrados pela Lei da Ficha Limpa em 2012 desistiram em cima da hora e elegeram
filhos, mulheres e outros familiares.
Em alguns
casos, os nomes e fotografias dos fichas-sujas continuaram sendo exibidos nas
urnas eletrônicas, mas os votos foram computados para as pessoas que os
substituíram como candidatos.
A situação em
Paulínia se repetiu em outras cidades. Edson Moura foi condenado duas vezes
pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por improbidade administrativa. Mesmo
assim, conseguiu disputar a eleição por força de uma liminar a seu favor.
Ele fez
campanha até a véspera da eleição. Renunciou às 18h11 de 6 de outubro de 2012,
a pouco mais de 12 horas da abertura das urnas. Na véspera do pleito, o PMDB
registrou como candidato o filho de Moura, Edson Moura Júnior, que venceu a
disputa.
O sistema de
urnas eletrônicas e a Lei Eleitoral no Brasil impedem que os dados do candidato
sejam substituídos após uma determinada data. Nesse caso, as urnas mostram no
dia da eleição o número, o nome e a foto de um candidato que renunciou. Os
eleitores votam nesse político, mas elegem outro que foi colocado no lugar pelo
partido.
O segundo
colocado em Paulínia, José Pavan Junior (PSB), recorreu: argumentou que Edson
Moura sabia que não podia concorrer por causa da Lei da Ficha Limpa. A Justiça
Eleitoral de São Paulo deu posse a Pavan.
Agora, com a
decisão do TSE, Pavan deverá perder a cadeira. Assumirá a prefeitura Edson
Moura Júnior, filho do pai que era ficha suja e fez toda a campanha em 2012.
Essa hipótese só não ocorrerá se Pavan tiver sucesso em um eventual recurso ao
STF (Supremo Tribunal Federal).
Votaram a
favor da brecha legal para políticos com a ficha suja os ministros Nancy
Andrighi, Marco Aurélio Mello, Laurita Vaz, José Antônio Dias Toffoli e Cármen
Lúcia. Votou contra a ministra Luciana Lóssio. Henrique Neves declarou-se
impedido e não participou desse julgamento.
O argumento
dos ministros do TSE para permitir a manobra é que a Lei Eleitoral autoriza a
troca de candidatos. Um político pode desistir ou morrer e o partido tem
direito de escolher o substituto.
Dias Toffoli
fez uma ressalva: disse que Moura Júnior teve pouca participação no processo
eleitoral --menos de um dia. "Seja quem for o substituto, não foi submetido
ao crivo do debate público. Entendo que esta é a última eleição que o tribunal
pode aceitar esse tipo de interpretação da lei", afirmou.
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