Em artigo publicado nesta
quarta-feira (18), o presidente Humberto Coutinho (PDT) destacou os 180 anos de
instalação da Assembleia Legislativa do Maranhão e faz, no texto, uma menção à
importância do Poder Legislativo para o regime democrático. Abaixo segue o
artigo na íntegra:
180
anos da Assembleia Legislativa do Maranhão
Uma
característica das democracias representativas é o funcionamento das Casas
Legislativas. Mas, quando as instituições democráticas são golpeadas, uma
das primeiras providências dos novos donos do poder é interromper o
funcionamento do Poder Legislativo.
No
Brasil a democracia é muito jovem, mas tem resistido bem a solavancos como o
impeachment do presidente Fernando Collor. Este ano, comemoramos 30 anos do fim
do regime militar e acabamos de eleger, pela sétima vez consecutiva, um
Presidente da República pela consulta popular, o que foi negado ao povo por 25
anos, de 1964 a 1989.
Na
transição da ditadura para a democracia, as lideranças políticas de oposição ao
regime militar - após a derrota da emenda constitucional que visava restituir
as eleições diretas para Presidente - resolveram optar pela via da eleição
indireta no chamado Colégio Eleitoral, derrotando o candidato do regime
militar, o atual deputado federal por São Paulo, Paulo Maluf, e elegendo o
então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves. Desse Colégio Eleitoral,
participavam todos os deputados federais e senadores, além dos deputados
estaduais escolhidos em cada Assembleia Legislativa do País. Do Maranhão
participaram os seguintes deputados estaduais: Edivaldo Holanda, Eduardo Paz,
José Elouf, Manoel Oliveira, Marcone Caldas e Raimundo Leal. Todos votaram na
chapa Tancredo Neves, para presidente da República, e José Sarney, para
vice-presidente, dando uma valiosa contribuição para fazer o País ingressar no
período democrático sob o qual vivemos.
Em
nosso país, com 415 anos incompletos, o Legislativo estadual mais antigo (o da
Bahia), ainda não chegou a 181 anos, e até o fim do Brasil Colônia, as eleições
eram apenas locais, com a escolha dos membros das Câmaras Municipais.
No
Maranhão comemoramos no último dia 16 de fevereiro, 180 anos de instalação da
Assembleia Legislativa Provincial, que à época tinha deputados eleitos em dois
turnos, para um mandato de dois anos. As sessões legislativas aconteciam por
dois meses a cada ano.
Com
a proclamação da República em 1889, as Assembleias Legislativas Provinciais
passaram a se chamar Assembleias Legislativas Estaduais, pois a República
adotou o sistema federativo e as Províncias se transformaram em Estados,
unidades federativas subnacionais.
Cinquenta
anos após sua instalação, em 1885, a Assembleia Legislativa Provincial do
Maranhão passou a funcionar em imóvel próprio na rua do Egito, onde permaneceu
por 123 anos, até se mudar para as modernas instalações do Sítio do Rangedor,
situado entre os bairros Calhau e Cohafuma. O Conjunto de prédios leva o
nome de Palácio Manoel Beckman, mesma denominação da sede anterior localizada
no centro histórico de São Luís. A construção da nova sede é fruto do esforço
coletivo de todos os deputados, comandados pelos ex-Presidentes Manoel Ribeiro,
Carlos Alberto Milhomem, João Evangelista, de saudosa memória, Marcelo Tavares,
atual secretário de Estado da Casa Civil, e o meu antecessor Arnaldo
Melo.
Da
Assembleia Legislativa já saíram parlamentares para a Câmara dos Deputados,
Senado Federal, vice-governadores e governadores. Casos pitorescos ocorreram
nestes quase dois séculos, como a existência de duas assembleias que
funcionaram simultaneamente, mas isto é assunto para os historiadores, como o
nosso querido desembargador Milson Coutinho.
Com
42 deputados eleitos pelo sistema proporcional para um mandato de quatro anos,
a Assembleia Legislativa do Maranhão é um caldeirão rico em diversidade e
representatividade. Na presente legislatura, que se instalou no último dia 1º
de fevereiro e se estenderá até 31 de janeiro de 2019, estão representados
trabalhadores do campo e da cidade, militares, funcionários públicos,
sindicalistas, empresários, médicos, produtores rurais, esportistas, pescadores
entre outros. Essa diversidade demonstra uma representação parlamentar
multifacetada, retrato genuíno do povo maranhense.
É
na Assembleia Legislativa que são aprovados, ou rejeitados, Projetos de Lei de
iniciativa dos diferentes poderes. Tais projetos têm sua origem no Executivo,
iniciativa dos próprios deputados, do judiciário e também de projetos de
iniciativa popular. Neste caldeirão de opiniões e partidos, o confronto
civilizado das ideias ecoa o debate do que mais interessa ao povo do Maranhão.
A Assembleia Legislativa é, portanto, o mais direto representante da vontade
popular. Por isso é chamada de “A Casa do Povo”. Nesta Casa tem assento
governistas, oposicionistas e independentes, que, a depender da pauta, podem
votar contra ou a favor do governo. O consenso é sempre muito difícil em nosso
plenário. E é bom que seja assim, porque é do confronto de ideias que surgem as
melhores propostas.
Ao
completar 180 anos de existência, a Assembleia Legislativa do Maranhão é viva,
vibrante, atuante e livre. Sua história secular demonstra que ela tem sido o
esteio da democracia, como é dever de todos os parlamentos, pois como está
escrito em nosso plenário, não existe democracia sem parlamento livre. Nossos
deputados têm sabido se posicionar a favor das causas populares como é seu
dever e vocação política. (Humberto Coutinho)
Informações e vídeos podem ser
enviados ao Blog Bacabeira em Foco através do email:bacabeiraemfoco@hotmail.com ou pelo
WhatSapp (98) 9-9965-0206
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