Cabeças
de boi espalhadas por todos os lados, restos de pele, crinas cortadas, manchas
de sangue e fezes ainda frescas. O odor de carniça se apodera do ambiente e só
dá trégua quando o vento sopra forte. Duas mangueiras, cujos galhos mais fortes
apresentam marcas de cordas, completam o cenário de ‘moita’, local onde
funciona um dos pontos de abate clandestino de animais para o consumo humano,
existentes em Rosário, a 78 km de São Luís, na região Norte do Estado.
Segundo
os relatos da denuncia, os bovinos abatidos e vendidos semanalmente no Mercado
Público e em estabelecimentos espalhados pela cidade, quase todos são mortos de
forma clandestina, sob a copa de árvores e até próximos a estribarias.
Segundo apurado, o abate clandestino
de animais ocorre no município desde que o Matadouro Público foi interditado
pelo Ministério Público do Trabalho, em janeiro de 2013, por falta de condições
sanitárias e de segurança para operar. “É preciso definir urgentemente a
construção de um novo matadouro ou reformar o atual. Do jeito que está a
população é a maior prejudicada, pois come uma carne que não sabe a
procedência”, afirmou o morador ao blog.
O Blog do Udes Filho tomou conhecimento de um dos
pontos de abate clandestino de animais. O local fica a 5 km do Centro da
cidade, nas proximidades do povoado São Simão. Os troncos mais robustos de duas
mangueiras são usados para içar os animais, depois de mortos, onde são
retalhados. Tudo ao ar livre, sem nenhuma higiene. O piso é a terra preta
batida, encharcada de sangue e coberta por fezes.
As carcaças inservíveis são jogadas de ribanceira
abaixo, na tentativa de ocultar os vestígios, em vão. Muitas ainda foram
encontradas ontem, com pele, cobertas por moscas varejeiras. Revoltado com a
situação, o consumidor rosariense resolveu denunciar o descaso.
Mais não é só isso que preocupa o consumidor. O
sistema de transporte e armazenamento da carne também é irregular. Perecível, a
mercadoria é transportada em carrocerias de camionetas, porta-malas de carros
pequenos e carroças. A falta de higiene tem continuidade nos postos de vendas,
onde o produto é exposto em cima de balcões de alvenaria ou pendurados em
ganchos. Os ossos são quebrados em cima de um cepo de madeira.
CRUELDADE E CRIME AMBIENTAL
Na moita, os animais são
sacrificados a golpes de marreta, ou machado, de forma cruel e desumana. Depois
de caído, o animal é sangrado com uma faca na jugular. Em seguida, no chão,
coberto com folhas de bananeira, ou plástico, o animal é cortado retirada das
vísceras.
Alguns animais são presos por uma perna e pendurados
de cabeça para baixo antes que suas gargantas sejam cortadas, resultando em
danos dolorosos dos tecidos em 50% dos casos. Além da falta de higiene
durante todas as fases do processo, o abate precário impõe riscos à saúde
humana.
O abate clandestino pode afetar também o meio
ambiente, na medida em que pode acarretar poluição ambiental com o depósito
irregular da mercadoria ou com dispensa de dejetos em mananciais.
(Por
Udes Filho/O Quarto Poder)
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