As muitas mortes ocorridas em Pedrinhas nos últimos
meses não retratam ainda as reais condições de funcionamento do sistema
prisional maranhense que é constituído por cárceres improvisados em delegacias
de polícia civil e pela Funac, espaço de ‘’recuperação’’ de menores infratores
que funciona como mais uma cadeia aonde a incidência de fugas tem sido
frequente.
Segundo informaram alguns agentes penitenciários
que trabalham no Complexo na tarde de ontem (24) ao Blog, a realidade é bem
outra. E extremada. Os agentes denunciam que o descaso com o Sistema Prisional
continua, e com graves relações de corrupção por parte de setores ligados ao
Governo do Estado.
''O Sistema funciona sem as mínimas condições; nós
agentes estamos jogados à própria sorte, à espera do pior; as celas de
Pedrinhas não tem sustentação e há muitos caminhos para fugas, além de
corrupção, chantagens e má distribuição de presos, as mortes poderiam ter sido
evitadas, mas o Governo não fez nada mesmo sabendo do problema, tinha
relatórios; temos informações que o Governo do Estado age de forma
mancomunada com alguns sentenciados, inclusive, por isso não há interesse em
resolver a situação de uma vez por todas'', explicou um agente que preferiu não
ser identificado.
Os agentes também apontam falhas e ilegitimidade na
contratação de empresas terceirizadas que atuam em Pedrinhas sob apadrinhamento
político. ''O maior problema está no beneficiamento político, essas empresas (
as empresas de Jorge Murad, marido da governadora Roseana Sarney)que
estão trabalhando em Pedrinhas não deveriam atuar como agentes penitenciários,
é ilegal e ilegítimo, pois atuação em presídios é uma obrigação do
Estado e não de terceirizadas, o Ministério Público já deveria ter tomado uma
decisão para reverter essa inconstitucionalidade, fora que o pessoal das
empresas é despreparado para ocupar a função'', disse outro agente que trabalha
em Pedrinhas há 11 anos.
Outro problema grave
denunciado à Agência foi o futuro afastamento do contingente militar que hoje
está presente na penitenciária após os muitos atentados, rebeliões e
assassinatos. Às vésperas da saída dos militares, os agentes revelam que o
temor e a total insegurança já ronda o presídio. ''A PM está presente em
Pedrinhas por enquanto, mas sabemos que daqui a alguns dias as tropas não
estarão mais por aqui e ai estaremos sofrendo todos os riscos possíveis, o
Sistema poderá entrar em colapso total com fugas em massa e todo tipo de
barbárie, sabemos disso'', alertou um dos agentes.
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