terça-feira, 1 de abril de 2014

Sistema prisional maranhense pode entrar em colapso a qualquer momento

Por Fernando Atallaia



As muitas mortes ocorridas em Pedrinhas nos últimos meses não retratam ainda as reais condições de funcionamento do sistema prisional maranhense que é constituído por cárceres improvisados em delegacias de polícia civil e pela Funac, espaço de ‘’recuperação’’ de menores infratores que funciona como mais uma cadeia aonde a incidência de fugas tem sido frequente.  

Segundo informaram alguns agentes penitenciários que trabalham no Complexo na tarde de ontem (24) ao Blog, a realidade é bem outra. E extremada. Os agentes denunciam que o descaso com o Sistema Prisional continua, e com graves relações de corrupção por parte de setores ligados ao Governo do Estado. 

''O Sistema funciona sem as mínimas condições; nós agentes estamos jogados à própria sorte, à espera do pior; as celas de Pedrinhas não tem sustentação e há muitos caminhos para fugas, além de corrupção, chantagens e má distribuição de presos, as mortes poderiam ter sido evitadas, mas o Governo não fez nada mesmo sabendo do problema, tinha relatórios; temos informações que o Governo do Estado  age de forma mancomunada com alguns sentenciados, inclusive, por isso não há interesse em resolver a situação de uma vez por todas'', explicou um agente que preferiu não ser identificado. 

Os agentes também apontam falhas e ilegitimidade na contratação de empresas terceirizadas que atuam em Pedrinhas sob apadrinhamento político. ''O maior problema está no beneficiamento político, essas empresas ( as empresas de Jorge Murad,  marido da governadora Roseana Sarney)que estão trabalhando em Pedrinhas não deveriam atuar como agentes penitenciários, é ilegal e ilegítimo, pois atuação em presídios  é uma obrigação do Estado e não de terceirizadas, o Ministério Público já deveria ter tomado uma decisão para reverter essa inconstitucionalidade, fora que o pessoal das empresas é despreparado para ocupar a função'', disse outro agente que trabalha em Pedrinhas há 11 anos.


Outro problema grave denunciado à Agência foi o futuro afastamento do contingente militar que hoje está presente na penitenciária após os muitos atentados, rebeliões e assassinatos. Às vésperas da saída dos militares, os agentes revelam que o temor e a total insegurança já ronda o presídio. ''A PM está presente em Pedrinhas por enquanto, mas sabemos que daqui a alguns dias as tropas não estarão mais por aqui e ai estaremos sofrendo todos os riscos possíveis, o Sistema poderá entrar em colapso total com fugas em massa e todo tipo de barbárie, sabemos disso'', alertou um dos agentes. 

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