quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Cachoeira Grande: Educação precária é a marca do prefeito Francivaldo Vasconcelos



Para chegar às comunidades mais distantes da sede do município de Cachoeira Grande, é preciso percorrer cerca de 70 quilômetros em veículos com tração 4x4, passando por trilhas que alternam trechos com muita areia, pedra, pontes quebradas e riachos, encontrando ao longo do caminho, vários povoados. Em cada um deles, há um espaço para as aulas, que atende crianças de 1ª à 4ª série, em sistema multisseriado, com todas as séries funcionando na mesma sala.

Saiba Mais:





No povoado Campinho as crianças do local, frequentam as aulas em uma igreja cedida pela comunidade, até pouco tempo eram atendidas em uma tapera em ruínas ao lado da igreja. A sala foi transferida para a igreja depois que as denúncias de precariedade chegaram ao Ministério Público Estadual. Mas, os alunos dividem o espaço da igreja com uma cozinha improvisada, expostos aos riscos de um fogão a gás instalado próximo às carteiras. Apenas um bebedouro e um ventilador foram as melhorias que chegaram ao local.

Prefeito Francivaldo Vasconcelos
No povoado de São Bento, a escola que deveria ser um espaço exclusivo para os alunos, funciona em uma pequena sala com menos de três metros quadrados, localizada na residência de um membro da comunidade, onde ele habita com a sua família. A prefeitura paga R$150 (cento e cinquenta reais) por mês pelo espaço. A merenda escolar destinada aos oito alunos da sala é insuficiente. O lanche não é servido regulamente e não há funcionário para preparar a refeição das crianças, o que é feito pelos próprios moradores do povoado. Algumas merendeiras recebem cerca de R$100,00 e divide entre elas, ficando em torno de R$ 20,00 pra cada uma delas.

Em Água Fria do Cesário, estudantes da terceira série comemoraram a chegada de um bebedouro e um ventilador, mas se queixam da falta de merenda escolar. “Eu fico com fome até a hora da saída”, desabafa um aluno. A merenda só dura cerca de duas semanas. Nesse povoado, a sala de aula também funciona em uma igreja cedida pela comunidade.

No Angelim, quando a merenda acaba, as crianças saem mais cedo, às 10h”, explicou a mãe de alunos do povoado, que pediu para não ser identificada. A sala de aula funciona de forma precária, com muito mato no entorno e cobertura de palhas velhas, que não mais protegem das chuvas. Existem goteiras por toda parte, o chão da sala é de terra batida. Para fugir da água, as carteiras ficam amontoadas em um dos cantos da pequena casinha de taipa.

A alegria no cenário da casa onde funciona a sala de aula dos alunos do povoado conhecido por Alegre ainda não chegou, nem mesmo o bebedouro e o ventilador. As crianças dividem o espaço com os moradores da casa em um ambiente onde é difícil acreditar que haja aprendizagem. Ao lado da casa, uma mesa de bilhar compõe o cenário, dando uma impressão inicial que se trata de bar e não de uma escola. Somente ao entrar na casa é possível constatar que é mesmo um ambiente escolar. Segundo o morador do pequeno casebre, sem portas internas para dividir os ambientes, a sala é alugada para a prefeitura, o que ajuda no orçamento da família, que vive de pequenas lavouras.

A escola do povoado de Sete Sangria, um dos mais distantes da sede do município, o local não oferece nenhum atrativo para as crianças, pois chega a ser pior que as residências da comunidade. A sala de aula serve de abrigo para animais.

Na área rural de Cachoeira Grande não há escolas e sim espaços inadequados em ambientes alugados por moradores e cedidos por igrejas, que não favorecem o aprendizado. Mesmo assim, a Educação gastou o equivalente a 780 mil reais (quase 1 milhão) em limpeza de prédios públicos em 2012. A pergunta é: Quais as escolas que foram limpas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Acesse, comente, compartilhe