Para chegar
às comunidades mais distantes da sede do município de Cachoeira Grande, é
preciso percorrer cerca de 70 quilômetros em veículos com tração 4x4, passando
por trilhas que alternam trechos com muita areia, pedra, pontes quebradas e
riachos, encontrando ao longo do caminho, vários povoados. Em cada um deles, há
um espaço para as aulas, que atende crianças de 1ª à 4ª série, em sistema
multisseriado, com todas as séries funcionando na mesma sala.
Saiba Mais:
No povoado Campinho as crianças do local,
frequentam as aulas em uma igreja cedida pela comunidade, até pouco tempo eram
atendidas em uma tapera em ruínas ao lado da igreja. A sala foi transferida
para a igreja depois que as denúncias de precariedade chegaram ao Ministério
Público Estadual. Mas, os alunos dividem o espaço da igreja com uma cozinha
improvisada, expostos aos riscos de um fogão a gás instalado próximo às
carteiras. Apenas um bebedouro e um ventilador foram as melhorias que chegaram
ao local.
Prefeito Francivaldo Vasconcelos |
No povoado de
São Bento, a escola que deveria ser
um espaço exclusivo para os alunos, funciona em uma pequena sala com menos de
três metros quadrados, localizada na residência de um membro da comunidade, onde
ele habita com a sua família. A prefeitura paga R$150 (cento e cinquenta reais)
por mês pelo espaço. A merenda escolar destinada aos oito alunos da sala é
insuficiente. O lanche não é servido regulamente e não há funcionário para
preparar a refeição das crianças, o que é feito pelos próprios moradores do
povoado. Algumas merendeiras recebem cerca de R$100,00 e divide entre elas,
ficando em torno de R$ 20,00 pra cada uma delas.
Em Água Fria do Cesário, estudantes da
terceira série comemoraram a chegada de um bebedouro e um ventilador, mas se
queixam da falta de merenda escolar. “Eu fico com fome até a hora da saída”,
desabafa um aluno. A merenda só dura cerca de duas semanas. Nesse povoado, a
sala de aula também funciona em uma igreja cedida pela comunidade.
No Angelim, quando a merenda acaba, as
crianças saem mais cedo, às 10h”, explicou a mãe de alunos do povoado, que
pediu para não ser identificada. A sala de aula funciona de forma precária, com
muito mato no entorno e cobertura de palhas velhas, que não mais protegem das
chuvas. Existem goteiras por toda parte, o chão da sala é de terra batida. Para
fugir da água, as carteiras ficam amontoadas em um dos cantos da pequena
casinha de taipa.
A alegria no
cenário da casa onde funciona a sala de aula dos alunos do povoado conhecido
por Alegre ainda não chegou, nem
mesmo o bebedouro e o ventilador. As crianças dividem o espaço com os moradores
da casa em um ambiente onde é difícil acreditar que haja aprendizagem. Ao lado
da casa, uma mesa de bilhar compõe o cenário, dando uma impressão inicial que
se trata de bar e não de uma escola. Somente ao entrar na casa é possível
constatar que é mesmo um ambiente escolar. Segundo o morador do pequeno
casebre, sem portas internas para dividir os ambientes, a sala é alugada para a
prefeitura, o que ajuda no orçamento da família, que vive de pequenas lavouras.
A escola do
povoado de Sete Sangria, um dos mais
distantes da sede do município, o local não oferece nenhum atrativo para as
crianças, pois chega a ser pior que as residências da comunidade. A sala de
aula serve de abrigo para animais.
Na área rural
de Cachoeira Grande não há escolas e sim espaços inadequados em ambientes
alugados por moradores e cedidos por igrejas, que não favorecem o aprendizado.
Mesmo assim, a Educação gastou o equivalente a 780 mil reais (quase 1 milhão) em
limpeza de prédios públicos em 2012. A pergunta é: Quais as escolas que foram
limpas?
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